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Elas são mulheres biomas

A busca por visibilidade e cura para todos ecossistemas do Brasil
Foto: Marcha das Mulheres Indígenas, em 2019, Brasília (DF) – Foto Apib Comunicação/Katie Maehler

Elas representam os seis biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga e Pampa. Juntas, formaram uma articulação nacional com milhares de mulheres indígenas conscientes de que é urgente a cura da terra e a preservação da cultura ancestral. As demandas delas não encontram mais os bloqueios e limites de outros tempos, quando ninguém conseguia passar do gramado da Esplanada dos Ministérios. As mulheres, agora, estão à frente de cargos de liderança nos poderes Executivo e Legislativo nacionais.

 
Posse da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, no Palácio do Planalto: “Nunca mais um Brasil sem nós!” – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), diz que as mulheres indígenas se apresentam como “mulheres biomas, mulheres sementes, mulheres água, mulheres terra”.

 

Essa rede de mulheres formou a Anmiga – Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade. Elas se apresentam como “guardiãs de conhecimentos e geração de vida”, como explica Braulina Baniwa, uma das fundadoras da Anmiga.

 

Um dos resultados dessa mobilização já pode ser visto: é o Manifesto Reflorestamentes: uma plataforma, criada para organizar os conhecimentos e saberes ancestrais desenvolvidos e preservados pelas mulheres indígenas. A união dessa sabedoria à tecnologia é bem-vinda para difundir o conteúdo e fazê-lo chegar a todas e todos que compartilham a preocupação com a vida e com o futuro. É uma ação para reflorestar mentes e curar a terra:

 
“Um grande chamamento que fazemos à humanidade, na tentativa de proporcionar a todos os povos do mundo uma nova forma possível de nos relacionarmos com a Mãe Terra, e também entre nós, seres que nela vivemos. […] Cuidar da Mãe Terra é, no fundo, cuidar de nossos próprios corpos e espíritos. Corpo é terra, floresta é mente. Queremos reflorestar as mentes para que elas se somem para prover os cuidados tão necessários com nosso corpo-terra” – Manifesto Reflorestamentes.
 

O manifesto destaca a necessidade de se construir “um trajeto de vida e reconstrução, que se baseie no encontro entre os povos, no cuidado com nossa Terra, na interação positiva de saberes”.

 
De mãos dadas: Marcha das Mulheres Indígenas em 2019, em Brasília (DF) – Foto Apib Comunicação/Katie Maehler
Cerrado
 

Uma das lutas dessas mulheres é pela preservação do cerrado. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o bioma é o segundo maior da América do Sul e ocupa uma área de mais de 2 milhões de quilômetros quadrados no Brasil -o equivalente a 22% do território nacional, com áreas em 14 estados mais o Distrito Federal.

 

O cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11,6 mil espécies de plantas nativas catalogadas, 199 espécies de mamíferos, além de 837 espécies de aves.

 
Foto Nascer do Sol no Cerrado – Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Apesar de toda essa riqueza, o cerrado é o bioma que possui a menor porcentagem de áreas sob proteção integral no Brasil. Somente 8,21% de seu território é legalmente resguardado por unidades de conservação, ainda segundo o Ministério do Meio Ambiente.

 

Célia Xakriabá representa o bioma do cerrado, além de presidir a Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais na Câmara Federal -a primeira indígena a assumir a frente de uma comissão do Congresso. Ela reclama que a proteção ao cerrado deveria ser mais efetiva:

 

“Fala-se bastante em mata atlântica, mas o cerrado, o bioma mais antigo da humanidade, não recebe tanta atenção no âmbito nacional, mas sobretudo, no internacional”, diz a deputada.

 
Célia Xakriabá e Sônia Guajajara durante a passagem da Marcha das Mulheres Indígenas pela Esplanada dos Ministérios, em 2019 – Foto Douglas Freitas / @alassderivas

Célia Xacriabá é do Norte de Minas Gerais, estado que tem “minas” no nome, mas que, segundo ela, deveria ser lembrado como “povos gerais, como águas gerais, como mulheres gerais, como indígenas gerais e como diversidades gerais”.

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